quarta-feira, 23 de abril de 2008

A beira dos olhos

Já não sei se meus olhos estão abertos ou não
Sinto só o lacrimejar deles inundar tudo ao redor
A cabeça pendendo para todos os lados
Abrindo buracos no espaço
Procurando um lugar pra se acalmar que não vai encontrar
Enquanto a doce ilusão da sorte vai saindo pela porta da frente
Meu corpo continua estático onde está
Exatamente onde ficou a vida inteira
Extasiado com tudo o que poderia ter tido
Sonhando com tudo o que poderia ter acontecido
Sem vista pro mar ou pra qualquer lugar
Não vou!
Deixo a ventania balançar as roupas velhas
Enchendo de poeira os desejos que tive
Inocentes ou infantis os mesmo de sempre na verdade
Um sempre que sempre muda a um leve toque
Absorve qualquer sorriso
Procura qualquer olhar
Apaixona por qualquer boca que aceite beijar
Guardando todos os dias que foram experimentados
Desde a primeira vez
Não sabe levar e não entende circunstâncias
Não consigo mais voltar pra onde nunca saí
O corpo insiste em ser material
Nada se revela em coisas concretas
Culto a corpos não vai salvar a criança perdida com o seu tempo
Tempo que perdeu crescendo
Anos destroçados deixando de existir
Trazendo na margem do que vejo o fim sem acontecimentos

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