terça-feira, 11 de novembro de 2008

Minúcia

Vago a beira do que sinto e não sinto
Cuidando dos lados para não se chocarem
Dividindo a penúria entre ser e viver
Não sou nenhum desses dois

Procuro na calma e no silêncio
A formula para um possível renascimento
Mas a calma é só aparência
O silêncio à distância

Tenho uma sombra além da solidão
Nas noites não me acompanha
Esconde-se nas nuvens com o sol
Uma imagem projetada ao acaso do chão

Reclamo... Subestimo... Decepciono...
Ignoro... Maltrato... Odeio...
E ninguém sabe!
Sabe?

Sou o lugar onde estou
Particularidades não vivem aqui ou em mim
Isso eu invento com o passar do tempo
Assim como minto os lugares onde vivo e sinto

Na verdade não minto tudo
Só o que digo, crio e cuido!
Cultivo um pequeno jardim ao meu redor
Ele deixa invisível o que não precisa aparecer

Sei que ninguém me vê
Atenção prestada é simplesmente educação
O que vejo é ilusão de um cérebro perturbado
Tudo fica mais interessante quando os olhos ficam fechados

Não sei de mim
Se não sei ninguém mais sabe
Vou iludir tudo até onde conseguir ir
Ser um corpo é um fardo pesado

Nenhuma palavra foi dita até agora
Os corpos se movimentaram e deixaram fragmentos
Pistas que não levam a nada de novo
Existem para ocupar espaço

Depois só resta a contradição
Um grande exemplo a ser seguido
Já que nada foi dito
O que me resta é espera e decepção

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Desfilo no tempo enquanto ele não acontece

Reflexo do que restou
Vou desfilando pelo tempo que não acontece
Romance as favas
Encanta o que contradigo em tudo o que digo
Seguindo dividido
Vou iludindo o que é claro com incertezas
Nascendo de tudo o que sempre quis e nunca vou ter
Não há ninguém nesse caminho
Nem todos acreditam em destino
Enquanto reclamo... Vou me despindo!
De fantasias e fardos mais pesados que o medo de não ter sido
Não tenho esse medo
Ele não faz sentido
Um dos poucos alívios que carregam meu espírito
Deixa vago um precioso espaço
Logo vai ser preenchido por outra ilusão
Levantando um sorriso forçado
Vai ser desmanchado antes que venha a próxima estação
Do que me sobra nada é levado a sério
Continuo a me esgueirar pelo limbo
Criado em fantasia e falsos momentos vividos
Onde corpo se locomove
Educado sempre que preciso
Em busca do seu combustível
A venda em emoções baratas que...
Cedo ou tarde insistem em querer um espaço
Já que a imensidão nunca vai se preencher
Não com o que realmente me faz feliz
Entrego ao acaso a oportunidade de emergir do vazio
É tranqüilo aqui apesar do frio
Vou dando voltas descompromissadas
Enquanto o futuro aflito tenta me despertar
Jogando ao ar possibilidades na esperança de que me agarre
Sei o que é um fim
Onde tudo vai estar quando acabar
Isso devia alterar o que sinto
Bom saber que sinto
Mas não vou mudar o rumo a que tudo está destinado
Isso porque nem acredito em destino
Deixo meu corpo seguindo
Abro fendas onde estão demarcados sorrisos
Marco no X meu nome como estão me pedindo
Entrego o que sobrar do que disse e não disse
Em qualquer lugar que me dê abrigo

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Simples...

São as coisas simples que nos distraem
Arrancando sorrisos frágeis e puros
Na direção oposta ao coração
Olhares vagam sem muita direção
O que um dia atrás era apenas um andar apressado
Hoje suspira o novo dia
Atento a todos os detalhes do mundo
Não ligo para o amanhã que não existe
Rondo o céu da noite
Mudo as estrelas de posição
Abrindo caminho por pura curiosidade
Vou deixando a brisa guiar
Até o fim da próxima linha