sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Voltando a sala de espera...

Passei um tempo, ótimo alías, em outra realidade. Não me adaptei como deveria a essa dimensão paralela que me consumiu, logo, isso ocasionou um fim chato, inesperado, incomodo e doloroso. Sei que não vou superar isso, mais um ponto junto ao acúmulo de cagadas que é a minha vida.
Me apossei do senso comum e me afundei dentro do que eu acreditava ser o 'certo', tendo como resultado o inesperado transmutado em tédio. Tinha certeza que isso iria acontecer. Me conheço bem de mais para dizer o contrário. É notória dentro de mim a decepção, ela se expande e atinge sempre quem não deveria ser atingido e isso me entristece muito. Volto ao meu esconderijo, refúgio dentro de um cárcere que me apoio durante boa parte da minha vida até aqui. Exceto claro, quando alguém se dispôs a segurar minha mão por exatos 5 meses, mostrando o outro lado da vida que chamei de realidade paralela, e todos os seus prazeres. Não tinha de ser perfeito, porque nada atinge a perfeição, pelo menos nada que não seja chato, e descobri os preços e consequências da permanência dentro da realidade paralela, e eu, como ótimo pessimista, sabia que não iria conseguir arcar com as responsabilidades (preços) que começaram a surgir. Tomei uma atitude covarde, idiota e infantil, de retornar ao ponto de partida sozinho, como sempre fiz e, pelo jeito, sempre vou fazer.
Não tenho nenhum preparo para agradar alguém de verdade, o que me trouxe até aqui não me ensinou a aceitar ajuda, nunca me deixei guiar dessa forma, uma trava invisível impede a felicidade e simplicidade de ser aceito e aceitar, isso mostra que a culpa é minha. Exclusivamente minha. Não foram os meus pais, avós, tios, primos, irmãos que me traumatizaram ou maltrataram, de forma alguma, a questão aqui é o avesso disso, trata-se do meu conflito interno com demônios da infância, juventude, maturidade (ainda não alcançada) e a inevitável realidade do futuro que está sujeita a todos.
Estou ferido, cansado, desanimado e frágil, extremamente frágil. Não demonstro nenhum sentimento “nossa, você é muito frio”, já ouvi muito isso, acreditem ou não. Não tenho a capacidade de me mostrar de verdade para ninguém. Esse fato não se limita a amigos, conhecidos, affairs e afins. Estendem-se aos meus familiares também. Nunca sentei com minha mãe ou pai para desabafar, nunca disse o que me incomodava, machucava ou me deixava feliz. Nem um bom filho eu consigo ser. Ficava quieto em casa, ouvindo música, lendo alguma coisa inútil e me sentindo um tremendo de um idiota por ser assim.
Será que existe realmente um plano para todos que estão aqui? Como imposta pela cartilha de alto ajuda tão popular nos dias céticos de hoje? Prefiro minha chatice a ter que acreditar nesse tipo de bobagem. Talvez essa chatice desnecessária seja o ponto crucial, aliás, é uma das causas da minha insistência na solidão. Tenho a impressão de sempre estar incomodando, fico preocupado, não quero incomodar ninguém... resultado, sou catapultado para um limbo de desespero. Quero sair, me esforço para que isso aconteça. O pequeno detalhe é que realmente isso é mais forte do que eu... resultado, novamente catapultado para o limbo. Enquanto a peleja atravessa os anos dentro de mim, sem nunca soltar um pio, vou indo nessa. Ninguém fica sabendo de nada, a rotina segue seu destino certo. De volta à sala de espera, retomo as atividades que comecei ainda criança, cultuando o silêncio ornado a bens materiais que trazem um bem estar limitado, de curto prazo. Mas o que posso fazer? É isso que me mantém vivo.

3 comentários:

Regis disse...

o pior é explicar pras pessoas que a gente é assim com todo mundo e não só com elas... não sei em que grau somos parecidos, sandro, mas minha vida é bem por aí também...

Mastrique disse...

Caralho.

Ler isso me deu agonia.

Não aquele incomodo do tipo "meu, você tá errado". Mas algo maior. Um espécie de sentimento que diz a mim mesmo que a qualquer momento posso ser o próximo.

Ser mais inadaptado. Todos somos um pouco.

Alguns apenas conseguem fingir.

Anônimo disse...

cara, me identifiquei cum pouco com seus textos. Meu nome tmb é sandro. E agora, o que fazer? aheuahea